12/09/2017

PARA LÁ DO PARANÁ

Os meninos lindos do Paraná e minha querida mediadora Leny Zulim.

Uma das grandes inspirações do meu Neve Negra foi O Filho Eterno, do Cristovão Tezza, um romance dolorosamente honesto sobre o papel do pai, que li há anos e reli quando fazia o meu. Então foi especialmente gratificante ler a coluna do Tezza neste domingo na Folha de São Paulo, que ele basicamente dedica a fazer uma resenha FODA do meu livro, comparando-o ao Distância de Resgate da Samanta Schweblin (que amo como autora e como amiga).

(Aqui: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/cristovao-tezza/2017/09/1916981-nunca-me-agradaram-historias-de-terror-acreditava-que-nao-era-medo.shtml )

Mal conheço o Tezza (nesse mundinho em que todo mundo é amigo) e tenho más lembranças da única mesa que fiz com ele numa Bienal, mais de uma década atrás. As más lembranças são minhas porque tenho a impressão que fui meio galopim; ainda não tinha lido O Filho Eterno, que ele estava lançando, e agi meio como o jovem prodígio que me achava na época, não dei o devido respeito que ele merecia. (Fiz isso algumas vezes na minha carreira, inclusive com a Eliane Brum, e se a gente não pode ser petulante e inconsequente na juventude, será quando? Agora não sei se já aprendi. De toda forma, é gente demais escrevendo, é muito livro, tão difícil saber o que a gente de fato tem de parar para ler, escutar, reverenciar, o que pode passar batido...)

 Pensando nessas inconsequências da juventude, segui esta semana numa rápida passagem no Paraná, para falar em duas cidades num projeto parecido com o Viagem Literária, chamado Caravana Literária, organizado pela Secretaria de Estado de Cultura do Estado.

Tenho um amor especial pelo sul, já morei no RS, em SC (Tezza é do SC, inclusive), e meu marido é do PR, então sempre tenho motivos para voltar. E essa curta viagem reforçou os laços.

Na segunda fiz uma mesa em Apucarana, a 50km de Londrina. Apesar de ser um projeto voltado para bibliotecas, transferiram para um teatro enoooooorme na cidade, que tava mais pra Kéfera e seria difícil de encher numa tarde de segunda. Ainda mais que fizeram flyers eletrônicos marcando às 19h, mas o evento aconteceu às 17h, daí seria pedir muito que estivesse cheio...

Cine Teatro Fênix, poucos minutos antes da minha mesa. 

Foram exatamente 15 pessoas. E foi ótimo. Tinha uma querida leitora minha, a Mariene, com o namorado, e uma dúzia de meninos lindos, educados, inteligentes e interessados. Foi como uma turminha fechada para discutir literatura. Eles tinham muitas perguntas, muitas questões e extrapolamos o horário. Consegui saber o nome deles, tinha inclusive uma dupla de gêmeos, e um pouco da história de cada um. Acabou sendo outro formato de mesa, bem gratificante.



No dia seguinte, nesta terça, às 9 da manhã, já estava falando com 90 moleques de três turmas diferentes em Cambé, cidade da Grande Londrina. Também era um pessoal bonito, inteligente e interessado, e um pouco mais agitado, até pelo número. Chegamos quase até às 11h da manhã e tive de seguir direto para o aeroporto.

Parte do público lindinho de Cambé. 
Esses eventos de literatura organizados pelo governo, pelas bibliotecas, são sempre muito voltados para escola, para adolescentes. Há algum tempo não escrevo especificamente para eles, e às vezes não sei muito o que falar. Mas acho que o segredo é conversar de igual para igual, principalmente com gente de 15, 16, 17, que já não é mais criança. Me policio mais pelas professoras presentes do que pelos meninos. É bacana essa troca, mostrar outra imagem de escritor, outros temas, eles parecem sempre muito entusiasmados e é sempre estimulante. Pelo menos, sinto que eles se divertem com o que tenho a dizer. A última coisa que eu quero é ser uma atividade extra-curricular chata.

Mas a Caravana Literária tem mais gente bacana e fodona como o Reinaldo Moraes e o Milton Hatoum.

Programação completa aqui:
http://www.aen.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=95380&tit=Cinco-autores-participam-do-projeto-Caravana-Literaria



Amanhã cedinho sigo para Colômbia, para a Fiesta del Libro y La Cultura. Já estive duas vezes como convidado em Bogotá, mas será minha primeira vez em Medellin. Tenho só uma mesa na quinta, então acho que o resto do tempo será para assistir outras mesas, conversar, beber e descansar, não necessariamente nessa ordem.

Programação completa aqui:

http://www.fiestadellibroylacultura.com/


Tem sido um ano intenso - e de uns meses para cá, bem prazeroso - mas agora parece que está acabando. Para outubro, por exemplo, ainda não tem NAAAAADA marcado. Ao menos as traduções voltaram. Não reclamarei por hoje.




TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...