06/02/2014



“Talento, voz, rosto, tudo murcha com o tempo. A natureza é madrasta e, para um roqueiro de meia-idade que já viveu todos os excessos de sua geração, a natureza só existe como ameaça, inimiga, perversa. Isolado numa casa de campo, após o suicídio da mãe, ele enfrentará suas frustrações e medos internos, enquanto o mato cresce lá fora, o solo espera por seu sangue. BIOFOBIA é a volta de Santiago Nazarian ao thriller, seu primeiro romance ‘adulto’ em cinco anos, numa narrativa tão literária quanto cinematográfica. Prepare-se para o pior.” 


Isso! Finalmente posso revelar! Meu novo livro se chama BIOFOBIA, é um romance, um thriller de cerca de duzentas páginas, que fica num tom entre Feriado de Mim Mesmo e A Morte Sem Nome.

Foram cinco anos desde o último (O Prédio, o Tédio e o Menino Cego), nesse meio tempo lancei um de contos, lancei um juvenil, tentei me matar e tentei começar vários romances que não engrenaram. Na metade do ano passado tive a centelha para esse, daí foi um jorro, da primeira linha à versão final em seis meses.

É um romance de crise de meia-idade, claro, o confronto do homem com a natureza. O protagonista é uma personificação de várias frustrações, rancores e crises; um decadente cantor de rock alternativo num país que não sabe o que é isso.  É pesado, sim, tem seu flerte com o terror, mas não deixa de ser carregado de um humor negro.

Sairá novamente pela Record, que sempre entende tão bem o que sei fazer; já está entregue e no processo de edição. Sai na segunda quinzena de abril; lançamento em São Paulo provavelmente na primeira quinzena de maio (aceito sugestões de lugar), e no resto do Brasil onde me chamarem. (Ei, vamos lá me chamar de volta para as Bienais, Festivais, Festas, Simpósios, Colóquios e Flips?)

Os frutos são sempre incertos. Como um negativista, sempre me decepciono. Ou como esperançoso, sempre espero que meus livros possam alcançar mais. Mas já é um alívio e um alento saber que consegui mais um - que fiz o melhor que pude, que o livro está saindo, tem todo meu orgulho e estou inteiramente ali.

Aliás, obrigado a todos os amigos, queridos e leitores que postaram os teasers por esses dias no Facebook e Twitter (e vão CONTINUAR postando sobre o livro). Vocês sabem, literatura é essa arte mais solitária que existe.

Na verdade, é meio egoísta, não é? Nesse mundo multicultural, em que todos estão fechados em companhias, cooperativas, coletivos, produtoras, todos com seus projetos, tentando emplacar sua obra, sua resenha, serem vistos no coletivo, o escritor é como um motorista solitário de uma Kombi numa marginal na hora do rush... Tem de fazer TUDO sozinho, podendo contar um pouco com a editora quando o livro já está sendo vendido. Não, você que faz teatro divide com atores-produtores-diretores--iluminadores-som-figurino, você que faz cinema divide com isso e muito mais. Você que tem uma banda divide com a banda, e mesmo um cantor solo tem os músicos, o produtor e os técnicos. A escrita é um artesanato de praia. Então a força dos amigos, colegas e leitores faz toda a diferença.

Mas só assim que essa arte pode existir - sem compromisso nenhum com consenso, empresas, patrocinador, governo, tendência, é a visão de um único indivíduo materializada no produto livro. E não vou me cansar de insistir na importância disso. Cada vez mais.

Agradeço especialmente ao Taiya Löcherbach, querido irmãozinho de Floripa que fez a foto da capa, e ao Murilo que, com o infeliz posto de cônjuge de escritor, tem de participar de infinitas discussões sobre a trama, sobre a capa, sobre o futuro do país depois desse livro...



Trabalhando nas ideias da capa, dezembro passado. 


TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...