09/08/2013
























Quanto mais escrevo, quanto mais leio, quanto mais vejo debates entre escritores, percebo que não existe uma forma-fórmula para escrever. Eu mesmo já escrevi livros em 20 dias, em 4 anos, com a história inteira já rascunhada, com a história surgindo conforme eu ia escrevendo. Acho que cada autor deve buscar seu método e por isso eu sempre sinto dificuldade ou me sinto meio fraude em fazer oficinas literárias. Ministrei só duas - uma na Venezuela, com duração de 5 dias, que foi meio um teste (e não foi um bom teste) - outra foi no Sesc Campinas, que foi bacana, mas foi só uma conversa de 4 horas numa tarde, discutindo como funcionava o mercado literário na prática.

Ando pensando em organizar uma oficina de tradução - porque apenas de eu ter um método próprio, já traduzi mais de 40 livros (a maioria péssimos) e poderia dividir técnicas, formas, maneiras como eu resolvi diversas passagens - diversas traduções possíveis, comparar traduções de outros autores, etc.

Como tradutor, o que eu mais gosto de fazer é tornar o texto o mais coloquial e natural possível, e acho que é isso o que faço melhor.

Voltando à escrita do romance. Tenho visualizado minha escrita atual como leves pinceladas pela história toda, depois vou voltando e adensando as tintas em passagens específicas, até ter o quadro todo preenchido. Essa imagem estava há dias na minha cabeça e resolvi tentar materializá-la num esqueminha ilustrado.

Postei no Facebook e o povo levou meio na brincadeira - em parte era. Mas acho uma ótima forma de visualizar três formas possíveis da escrita de um romance:

Método 1: Escrever linearmente, dando o melhor acabamento a cada frase/ parágrafo/ capítulo até seguir para o próximo. (Provavelmente esse era o método mais praticável antes que o uso dos editores de texto em computadores se tornou comum. Com a escrita à mão ou à máquina, é mais complicado voltar e alterar o texto já escrito.)

Método 2: Dar uma pincelada geral por toda a história, e ir aos poucos tornando-a mais densa.

Método 3: Dar uma pincelada geral por toda a história e ir se aprofundando em diferentes passagens/capítulos, fora de ordem. É o método que estou utilizando atualmente. É prático porque você deixa vários capítulos inacabados e se concentra mais nos que desejar, que estiverem mais vivos na sua mente ou que já tenha as melhores ideias. Porém tenho um pouco de receio do ritmo que o romance pode ter, já que você não está trabalhando linearmente, numa crescente. Também é preciso ficar atento com a continuidade. Dia desses eu me peguei fazendo o personagem pensar numa cena que ainda não havia acontecido (porque já tinha trabalhado bem nela mais pra frente).

Enfim, achei esses esqueminhas divertidos (é, fiz no giz de cera + foto + paint. Estou longe de ter as manhas básicas de direção de arte e design). Refiz hoje o 2 e o 3 (que tinham sido feitos anteriormente com linhas verticais, o que não é exatamente a imagem).

Gostou da oficina express? Deposita R$200 na minha conta que tá tudo certo.


MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...