08/07/2013

O CAÇADOR DE JACARÉS


Minha mãe morreu e eu ganhei uma casa de campo. Mentira. Era só uma boa maneira de começar um post... ou um livro. Eu perco a mãe, mas não perco uma frase de efeito.

Minhas raízes são urbaníssimas, paulistaníssimas, mas agora as raízes estão ficando brancas e é preciso encontrar novos caminhos. Quando os filhos saíram de casa, minha mãe construiu uma linda casa para si a 60km de São Paulo, no meio do mato. Eu também já busquei a praia, a neve, o fim do mundo, mas acabo sempre voltando. Talvez o melhor de ir seja saber que sempre se pode voltar. 

Mas sobre o que estou divagando? Fim de semana. Feriado. Resolvi receber amigos na casa de campo-da-mãe-dos-nazarian, lugar muito gostoso com lareira, uma varanda enorme, cachorros e mato. Há muito que eu não preparava o meu clássico "Frango Thomas Schimidt" (que é basicamente um frango ao curry que inventei lá pelos 22 anos, quando fui morar sozinho e não sabia cozinhar) e há muito que eu não preparava jacaré (carne exótica que inclusive foi servida no lançamento do Mastigando Humanos, em 2006, em São Paulo). Então - aproveitando a turnê do Masticando na Espanha e o relançamento do livro por aqui (em breve), resolvi misturar os dois. Fiz um "Jacaré Thomas Schimidt". 


Abrindo os trabalhos na noite de sexta, com um fondue básico. 

Em São Paulo, encontra-se a carne de jacaré no Mercado Municipal. O quilo do filé, que vem da cauda, está por volta de R$70. É uma carne branca, leve, entre o frango e o peixe (com um gosto talvez próximo da lagosta). Eu já cheguei a preparar um jacaré inteiro (e postei no blog), lá por 2008, mas dessa vez só encontrei o filé mesmo. 


O filé congelado. 

O filé cru. Temperei na véspera... Mas não dou a receita.  


 Na cozinha.

 Arrumando a varanda para o almoço ensolarado de sábado.



A jarra de caipirinhas... (que me mataria).



Um freguês satisfeito. 



Arthur, um cão insatisfeito. 


 Murilo e Tomé. 


Além do Murilo e da minha mãe, convidei Luis Fernando e Carlos, grandes amigos que são sempre grandes anfitriões e sempre me oferecem almoços e jantares fabulosos. Eu estava em dívida.




A mesinha de entrada. 

Sabe onde conheci essa galera super divertida? No SUPERPAPO! Mentira. Foi no GRINDR... Mentira... em parte. 




Prontos para servir. 

 O prato pronto. 




 A mesa. 


A receita deu super certo. A companhia estava ótima. Só a caipirinha que me pegou de jeito e não consegui nunca mais levantar da sesta, e olha que estou longe, longe de ser fraco para bebida. Ou estava. Meu fígado não é mais o mesmo, meeeeeesmo. 


E no sofá, na frente da lareira, o feriadão termina assim. 


TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...