22/02/2012

TURISMO FRÍGIDO

Perdidos em alto... mar?


É carnaval! (Era...) E enquanto vocês se caramelizavam ao ritmo dos batuques tribais, eu voltava à era do gelo nesta Suomi da qual já estou me despedindo.



Vim para a Lapônia, norte da Finlândia, me despedir do país, do inverno e do gelo (que começa a derreter por aqui – sim, até na Finlândia o gelo tem um fim). Das viagens turísticas que fiz nesta temporada aqui, esta sem dúvida foi a melhor. Primeiro porque resolvi aceitar meu próprio conselho e afundar de vez no turismo – fazendo os programas típicos. Segundo porque o inverno está acabando e o país fica mais iluminado, as pessoas mais festivas, eu mesmo menos depressivo. Foi lindo.


Kemi.

Com Sergio, ainda em Helsinque.

O carnaval começou em Helsinque com a festa de aniversário do Sergio, meu leitor brasileiro que se tornou um grande amigo, grande parceiro, mora no meu coração. Noora, a namorada finlandesa dele, preparou uma grande festa surpresa num bar russo, e foi uma das noites mais afetivas, queridas e gostosas que tive nessa cidade.

As lindas amigas finlandesas.

Discurso! Discurso!


De lá segui para a Lapônia – Oulu, Rovaniemi e Kemi. Oulu eu ainda não conhecia, foi ok, cidade bonita, mas sem muito o que fazer. Em Rovaniemi foi minha terceira vez, e foi uma sensação ótima descer na estação de trem da cidade e seguir direto para o hotel, sem ter de pegar mapa ou indicação alguma, porque eu já conhecia tão bem a cidade (que afinal é uma cidade de apenas 60 mil habitantes).


Oulu: bonitinha, mas nada de mais.

Instalações carnavalescas em Oulu.

Em Rovaniemi, além do turismo, conheci o Ronaldo, pernambucano que mora há um bom tempo por aqui figura de primeira linha, personagem de grandes histórias e uma das pessoas mais interessantes com quem cruzei nesta vida. Saimos para a "noite rovaniemiense" (que obviamente se resume a uma dúzia de bares, mas, veja só - num deles tocou na mesma noite Suede e Michel Teló).
Com Ronaldo, no centro de Rovaniemi.


Rovaniemi fica bem onde passa o Círculo Polar Ártico - ou a poucos quilômetros. Sim, lá onde fica a "Residência Oficial do Papai Noel". Eu resolvi visitar de novo, pela terceira vez, a pé. Não estava lá tão frio, -3C, -5C, mas num determinado momento minha câmera começou a chiar...

O "Santa Park", parque do Papai Noel, só abre durante as festas. Mas a "vila do Papai Noel", com venda de souvenirs e o caralho, fica aberta o ano todo.

Finalmente encontrei um trenó com renas de verdade. Essa aí me desprezou: "Mas já comi seu irmão... e seu primo... e seu sobrinho... e todos seus vizinhos!" disse eu.

O bar de gelo de Rovaniemi era meia boca. Mas deu para tomar uns gorós.

Quando fui fotografar a cama do motelzin de gelo a câmera começou a pifar de vez pelo frio. Por sorte eu ainda tinha o IPhone...

Enquanto eu tirava minha jaqueta, minhas luvas, preparava uma pose sexy para fazer na cama de gelo, esses moleques deitaram e não queriam sair. Juro que tive de dizer a mãe deles: "Hum, posso fazer uma foto na cama sem seus filhos? Nada contra, mas, sabe como é, Michael Jackson foi preso por isso..."

Pronto.

Depois de dois dias em Rovaniemi, vim para Kemi (de onde lhe escrevo). Kemi é uma cidadezinha de 20 mil habitantes (que na verdade é uma cidade grande para a Lapônia, considerando que já estive em Karigasniemi, no extremo norte, que tem algumas centenas apenas). Kemi investe nessa coisa de "turismo frígido", "Castelo de Gelo", "Hotel de Gelo", "Barco Quebra-gelo". Eu resolvi seguir o manual "Lonely Planet" e fazer os programas de turista. Não me arrependi.


"Thank you Mario, but your princess is in another castle!"

O "Castelo de Gelo" é algo construído todo inverno, para turistas visitarem, se hospedarem (há quartos, mas eu não achei lá muito confortável, e pelo custo/benefício é melhor só visitar) e também tem restaurante e bar. Bem maior, mais completinho e mais profissa do que o pulgueirinho de gelo que eu vi em Rovaniemi. Mas é daqueles programas turísticos que você faz só uma vez na vida, e olhe lá.


Cama de gelo para gente frígida brochar sem culpa.

"Super gêmeos ativar! Forma de um bangolé de gelo!"

Igreja de gelo para fugir do fogo do inferno.


Bem mais interessante em Kemi é o "Sampo" um barco quebra-gelo que navega pelo Golfo de Bótnia, no mar Báltico, entre a Finlândia e a Suécia. É um passeio turístico (carinho) com almoço à bordo, cruza o mar congelado, e incluiu uma parada em alto mar, para você passear pelo gelo e "nadar" nas fendas abertas (numa roupa especial em que você praticamente não tem contato algum com a água).


Meses de Escandinávia me deixaram inchadinho assim...


A vista é magnífica, principalmente pelo vazio. Um vazio conteudista, eu diria. E na verdade eu descobri que gosto mesmo de programas turísticos, gosto do clima turístico. Gosto de estar nesse grupo mesclado de japoneses, alemães, russos. Casaizinhos em luas de mel, homossexuais sozinhos, famílias com crianças; aquela cortesia de "quer que eu tire uma foto sua?" Acho gostosinho. Nesse clima conheci o Chris no barco, um alemãozinho, que se tornou meu melhor amigo do mundo aqui.


Neste mar não mais mergulharei.

Brindando com o Chris.

Agora tenho esta noite em Kemi, daí volto para as festividades finais em Helsinque. Estou sentindo como se o inverno tivesse acabado de vez, para sempre, nunca mais em meu coracão, e já estou ansioso para saber onde será meu Halloween.

Depois do fim do mundo, para onde ir?



MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...