29/01/2012

"FUI VER 'O GATO DE BOTAS', LEMBREI DE VOCÊ"

O gato de bot... Não, foto errada.

"Saapasjalkakissa."

Fui ver o Gato de Botas, não me lembrei de ninguém. Filme fofinho, mas só. Não entendo esse povo que fala que Shrek não é só para criança, que O Gato de Botas não é só para criança. É para criança. Um adulto pode achar fofinho, divertidinho, mas é para criança, o tipo de coisa que prefiro ver em avião. Mas valeu ver no cinema, pelo visual, 3D, etc.

(Fui ver numa cidade no interior da Finlândia, com um rapazinho loirinho local, meio pretexto para o que viria depois, ok? O depois foi muito bom, obrigado, não vou resenhar.)

Como o filme não tem nada para se extrair (fora a diversão), fiquei meio viajando nessa "antropomorfia" do gato, como criaram um gato tipo amante latino e tal, e como funciona. Mais do que isso. Fiquei pensando como o conceito de "beleza" pode se aplicar não apenas a seres humanos, mas também a animais (e a lugares, paisagens, objetos). O senso comum dita que "beleza é uma questão cultural", que o padrão muda com a época, blablablá, mas como podemos reconhecer então que um gato é bonito, um javali é feio? Será que não existe um conceito absoluto de beleza? Por que um ser peludo, com orelhas pontudas, bigodes projetados (como um gato) pode ser identificado como belo? Onde está o fator da beleza? Enfim, devaneios...


Belezas indiscutíveis.


Estou em Tampere, quase duas horas ao norte de Helsinque. Mais uma viagem turística para me aprofundar em Suomi. O Ministério do Turismo da Finlândia devia me dar uma medalha (ou me pagar em dinheiro, seria melhor) pelo tanto que estou viajando, consumindo, e divulgando o país (o mesmo eu poderia dizer de Florianópolis/Santa Catarina). Mas os amores por paisagens são tão não-correspondidos...

Deixa eu confessar: Quando você me vê numa foto, na neve, vestido levinho, sem chapéu, sem luvas, é porque eu tirei tudo só para fazer a foto, só para não ter todas minhas fotos assim, encapotado, e é um sofrimento terrível, e geralmente eu visto tudo de volta com minhas mãos já anestesiadas pelo frio. Está -14 hoje aqui, e é assim que eu tenho de sair.

Tampere é a segunda maior cidade da Finlândia, com 200 mil habitantes, vejam só. É bonitinha, mas confesso que essas paisagens nevadas estão começando a parecer todas iguais para mim - não parecem todas iguais para você? A verdade é que quanto mais você conhece o mundo, mais o mundo fica pequeno, sem graça e insuficiente para você... Bem, eu nunca fui abduzido, mas já experimentei grande variedades de tóxicos, isso amplia o mundo, sem dúvida, mas também aumenta a insatisfação com o everydaylife depois.


Patinhos, patinhos, fujam daqui! Vocês podem voar, saiam dessa água gelada, amiguinhos!


Tampere tem a "boate gay mais antiga da Escandinávia" e a "boate gay mais ao norte do mundo!" mas não sei o que disso pode ser considerado um atrativo turístico. Eu não vim para cá por isso, te juro! Vim apenas porque era a segunda maior cidade da Finlândia e eu precisava conhecer. Ok, conheci a "boate gay" - Mixei - mas me pareceu a mais antiga, a mais ao norte e a mais esquecida do planeta, e acho que isso basta como resenha.

Acredite em mim, essa estrada nevada não leva a nada.


Amanhã volto a Helsinquia. Devo dizer, deve ser meu lado masoquista, mas estou gostando de morar aqui. Estou sofrendo horrores, horrores, a vida tem sido uma solidão, uma insatisfação, uma nostalgia... Mas estou cumprindo meu destino. Talvez eu esteja destruindo utopias - descobrindo que "a felicidade que poderia estar em outro canto" simplesmente não existe.


TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...