21/10/2011

NATUREZA MANSA

A Bruxa de Karigasniemi... (Cara de metaleiro da porra, diz aí? Não é a toa que a Finlândia gera tanto metaleiro...)

Eu andava pela estrada no final da tarde de ontem, depois de perguntar em todos os mercadinhos, restaurantes e lojas da cidade – o que não levou nem meia hora - se alguém podia me alugar uma bicicleta. Nada de bicicleta. Resolvi caminhar mesmo e tentar cumprir a missão de fotografar uma rena.

Essa rua é a cidade toda.

Estava em Karisganiemi, cidadezinha de TREZENTOS habitantes (isso, só) na Fronteira da Finlândia com a Noruega. Vivem do turismo pesqueiro e dos viajantes que param a caminho da Noruega. Eu basicamente só queria chegar à fronteira, ver umas renas e andar de bicicleta entre a natureza...

Não tem bicicleta, será que serve patinete?


No meio da caminhada, vi uns veados ao longe num pasto. Acho que eram veados mesmo, não eram renas, mas estava longe e tentei me aproximar. Eles fugiram rapidinho por uma trilha e eu fui seguindo, seguindo, subindo, quando vi, estava subindo uma montanha...

A estrada.
O pasto.
A subida.

Caminhei duas horas e não vi mais veado algum, nem rena. Só umas corujas e uns roedores que pareciam umas cotias. Poderia ter visto um urso, um lobo, nada. Voltei escurecendo.

O chalezinho que aluguei.


Aluguei um chalezinho ao lado da estrada e peguei hoje o ônibus de volta para Rovaniemi, capital da Lapônia. Lá sim pude andar de bicicleta, visitar o Museu do Ártico, comer o melhor filé de rena do mundo. Passei a semana por aqui, depois de uma breve passagem em Helsinque, que deve ser minha casa pelos próximos meses.


Fronteira da Finlândia com a Noruega, lá em cima. Vê no mapa como subi na vida.


Isso, saí novamente de São Paulo. Fui convidado para uma turnê de apresentação da minha obra na Alemanha, e pedi a passagem um pouco antes, para visitar novamente a Finlândia. Enquanto planejava a viagem, fiquei pensando por que voltar. Nada me prende a São Paulo, e eu não tenho motivo mesmo para ancorar por lá. Descobri que uma menina que conheci em Tóquio estava alugando o apartamento dela em Helsinque, eu estava com uma graninha, resolvi aproveitar a oportunidade. Deixei meu apartamento em São Paulo com um ex-namorado. A turnê na Alemanha está marcada para o começo de novembro, mas depois volto para a Finlândia, passar Natal, réveillon e o começo do ano. Isso, sozinho. Isso, a um frio de menos vinte.


As paisagens.

Por enquanto o clima está tranquilo. Por volta de cinco graus, só a chuva que irrita. Na verdade, lembrando o que meu professor de Finlandês falava – que sentia mais frio no Brasil do que na Finlândia, porque na Finlândia estão preparados para o frio; todo lugar tem aquecimento – eu por enquanto tenho sofrido mais com o CALOR. Sério. Eles aquecem demais a coisa aqui. Todo lugar é muito aquecido. Mesmo dormindo só de cueca no quarto de hotel em Helsinque, eu me sentia num forno. E por enquanto, nem sinal da neve. (Ano passado estive aqui um pouquinho mais cedo, e já começava a nevar). Mas haverá tempo para a neve também me irritar...


Tempo abrindo em Inari.

Viajar de ônibus é bacana, dá para conhecer melhor os cenários, e é a única forma de viajar pela Lapônia (não tem nem trem, nem avião). Fui escrevendo, vendo o cenário, comendo um sanduíche de rena defumada (haha, sério, eu mesmo comprei num mercadinho e fiz). A viagem de sete horas passa num piscar.

Em Rovaniemi consegui uma bike, mesmo na chuva.


O Museu do Ártico, em Rovaniemi.

Enfim, está tudo lindo, meu cabelo está comprido e não há outro lugar do mundo onde eu queria estar. Demorei a descobrir que este é meu tipo de turismo, muito mais sedutor a mim do que conhecer as grandes cidades, ver os monumentos e visitar museus, coisa que eu já fiz em 19 países do mundo. Lembro muito do viajante americano Christopher McCandles, que gerou a biografia Na Natureza Selvagem, que viajava sozinho e morreu no Alasca. Tinha aquela frase: “A felicidade só é verdadeira quando compartilhada”, mas para isso existe o blog, Facebook, Twittter, não é?

Onde ficava mesmo a porra da Vila do Papai Noel? Não tem sinalização aqui?


TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...