08/10/2010

DESCONGELANDO ANTIGOS SONHOS


Copenhague.


Da primeira vez que estive na Escandinávia, há oito anos, me apaixonei, principalmente por Dinamarca e Finlândia. Não tem Londres, não tem Paris, não tem Berlim. Não dá para imaginar que esses são países do mesmo primeiro mundo a que pertence a Escandinávia.

Tudo aqui é lindo, limpo, e ainda um pouco melancólico. Me redespertou aquela sensação imediata de querer fazer parte. Querer morar aqui. Viveria aqui fácil - e me mataria, eu sei, no inverno. Seria uma boa experiência, viver e me matar nessa nova vida, num inverno intenso, ainda quero passar por isso.


Tive de fotografar furtivamente essa familinha linda.

Por isso acabei estudando finlandês - dois anos - e acabei não conseguindo aprender quase nada. Em parte porque é uma língua impossível, em parte porque a metodologia da escola (aquela "Millenium", em São Paulo) é a mais bizarra de todas, mistura auto-ajuda, religião e discos voadores... Sério.

Lembro que na minha primeira aula de finlandês aprendi a dizer: "A pessoa invejosa não vê porque não quer ver." Seis meses depois fui aprender palavras básicas como "gato", "cachorro", "pai", "mãe."


Muito bem, mas agora estou de volta à Dinamarca. Sem falar dinamarquês. E não é preciso. Todo mundo - do motorista de ônibus ao vendedor do KFC - fala inglês. E todo mundo fala. Ajuda. É simpático. É abrir um mapa na rua para uma velhinha oferecer ajuda.


Saí todas as noites sozinho, e todas as noites fiz novos amigos... amigos. Hoje vou sair com um punhado desses que foram colecionados nos dias anteriores.


Meus amigos vikings.

Verdade que há pouco a fazer aqui. A noite (e grande parte do dia) é centrada nos bares. O povo bebe, e só. Nem há grande oferta em clubes. Mas é se sentar no balcão, pedir uma vodca que alguém lhe abre um sorriso, puxa assunto, vem conversar. Ou isso é simpatia pura ou meu latin mode surtiu efeito máximo, vai saber.



A estátua da pequena sereia.. estava de férias. Emprestada para uma exposição na China, colocaram no lugar um telão com um vídeo dela ao vivo (!)


Fora isso, caminhei, caminhei, caminhei muito pela cidade. Fui aos parques, aos monumentos, dei até um pulo em Malmo, na Suécia, que fica a 30 minutos de trem daqui, e fiz boas compras.


Malmo.

O frio está bem tranquilo, por enquanto - dá pra sair de camiseta e blazer numa boa. Dentro dos estabelecimentos é aquele calor terrível. Os europeus têm medo do frio. Meu professor de finlandês costumava dizer que sentia mais frio no Brasil do que aqui - porque no Brasil ninguém leva o frio à sério, ninguém tem aquecedor em casa; então se faz dez graus na rua, faz dez graus dentro de casa. Com certeza os próprios dinamarqueses circulam pelas ruas muito mais agasalhados do que eu - com cachecóis, luvas, gorros. Não é pra tanto.


Anders e Kell de bike

Grande parte circula de bicicleta, aqui é uma febre. As ruas são planas, e todas têm ciclovias. Lembro até que, da primeira vez que estive aqui, saí de uma boate de madrugada com um rapazinho... e ele me levou até a casa dele de bicicleta. Foi pra balada de bicicleta. Lembro também que ele tinha um cachorro que mal cabia no apartamento, que estudava formigas e planejava morar no Brasil. (O que será que foi feito desse menino?)


Voltando torto.


Amanhã já parto, com dor no coração. Mas dou uma passagem rápida por Estocolmo e domingo sigo para Finlândia, onde fico por dez dias.

A Escandinávia voltou a toda a meus sonhos, e só não me sinto mais frustrado de ainda não ter mudado para cá porque lembro que já realizei uma grande mudança este ano, já consegui fazer a diferença para mim mesmo. Florianópolis também era um sonho antigo (um sonho bem mais possível, é verdade) que eu conquistei. Pode não parecer grande coisa, mas a mim foi uma revolução morar pela primeira vez na praia, com as vacas, as cobras, era algo que eu tinha de fazer uma vez na vida, e tinha de fazer lá. Era lá em Florianópolis que eu queria morar.



As aulas de kite surfe foram muito úteis para dominar os mapas no vento escandinavo.


Agora o próximo passo poderia ser morar no mar Báltico, não?

Apenas mais um turista.

MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...