04/01/2010

RESENHANDO O REVEILLON


É Mole?

Voltei esta segunda de Floripa (e já peguei uma mega chuva em São Paulo; pedreiros quebrando tudo aqui no meu prédio; aaaaaaaafe...). Fiquei nove dias fora e não queria voltar. Ficaria fácil mais nove. Mesmo com toda a melancólia. Mesmo com queimaduras e dermatites. Mesmo com os pés fodidos e cansados de caminhar, caminhar...



A lomba do meu dia-a-dia.

Florianópolis continua linda. Talvez ainda mais. Talvez meus olhos é que estejam cansados desse cinza. Não quero mais brincar de megalópole. Não quero mais brincar de Godzilla. Tudo o que eu via lá me parecia extraordinário (e isso porque já devo ter ido uma dúzia de vezes). As pessoas são tão lindas, o clima estava bem quente, deu tudo quase certo...

Verdade que o trânsito continua um problema. Mas isso é culpa exatamente de quem reclama do trânsito, e quer ir de carro para todo lugar. Eu fiz tudo a pé. Andei horas e horas. Da Barra até a Mole, do canto da Lagoa até a Barra, e por toda a praia. Passava bonito pelo congestionamento. O povo tem de aprender que lugar de praia não é pra ficar passeando de carro. O povo tem de aprender que NÃO TEM DE FICAR PASSEANDO DE CARRO em lugar algum. Escolha um ponto da ilha e FIQUE. ESTACIONE seu carro. Eu só preciso dos meus pés.

(...que voltaram fodidos, ok, mas voltaram.)



Caminhando na Lagoa.



Pode ser uma visão muito metropolitana a minha, mas fico chocado e considero um privilégio ter um lugar como Florianópolis, em que mesmo na altíssima temporada você pode deixar suas coisas sozinhas na areia (Ipod, celular, bolsa), mergulhar no mar e voltar. No Rio, mesmo sentado na areia você tem de AGARRAR seus pertences para um piranhita não passar correndo e levar.







A estrada da Barra vista do alto.



Por isso é questionável mesmo essas idéias de duplicar pistas (ouvi até gente dizendo em "aterrar parte da Lagoa" - Pânico!). Não é preciso facilitar para mais gente circular por lá. Já tem gente o suficiente. Melhor assim, com muito espaço na areia, a praia cheia, mas gostosa. Até mesa fácil de frente para o mar você arruma.



Eu queria me sentir desse jeito, "sozinho na multidão," e isso Floripa possibilita muito bem. Porque ainda é uma capital, mas é praia de fato. Você pode caminhar pela natureza, mas ainda está numa muvuca relativa. Grande concorrente a minha CIDADE FAVORITA DO MUNDO.




O canal da Barra, na frente da minha casinha.


Minha "casinha" foi a Pousada do Marujo. Lugar delicioso. Simples, mas com uma piscininha, ótima conexão Wi-fi (porque eu não me desprendo...) e acima de tudo a hospitalidade sem igual da Dona Ida, a proprietária. Pessoa maravilhosa.



Ida e seu filho Taiya (ele ainda recheou meu Nintendo DS de emuladores e me deu um pau no Mario Kart).





Pula! Pula!


Minha rotina era acordar, escrever à beira da piscina, ler, e caminhar, caminhar, caminhar. Caminhava em média umas 5 horas por dia, porque lá tudo é mais ou menos longe. Mas é possível. É viável. E lá eu posso ser feliz.


Na trilha da Galheta.



Apesar de cansado, deu para desestressar bem, porque estava sem amigos nem compromissos. Acordava a hora que eu queria, saía a hora que eu queria; não tinha hora para voltar, ninguém para ligar, nem para dar satisfações. Comia quando tinha fome. Bebia pouco, porque não havia necessidade. E de noite geralmente eu estava cansado. Dormia cedo.




De tarde, sentar num barzinho de frente para o mar, pedir uma porção de lula (que só perde para a minha, claro), uma capirinha e mergulhar na minha leitura de férias: Sólo te Quiero como Amigo, do Dani Umpi. Um divertidíssimo e inteligentíssimo romance-crônica-crítica sobre a vida gay (no Uruguai, mas que poderia ser aqui). Minha missão agora em 2010 é arrumar uma editora para ele no Brasil.


E só andando tanto assim é que pude comer HORRORES. Camarões, camarões, camarões, lulas, e camarões, camarões. Aquelas seqüências insanas de vários pratos - que são feitas para serem comidas no mínimo por dois - que tive de encarar...



Seqüência de camarão na Barra. Comi isso quase todos os dias...

Então aproveito para dar meu tutorial...

COMO VENCER UMA SEQÜÊNCIA DE CAMARÃO SOZINHO.


A seqüência clássica é composta de: Arroz, batata frita, 2 bolinhos de siri (ou casquinhas), camarão ao bafo, camarão alho e óleo, camarão à milanesa, peixe ao molho de camarão, pirão de peixe e salada. Em média custa R$40 (e dá facilmente para dois ou até três dividirem).



Como vencê-la sozinho:

- Beba uma cachaça ou caipirinha antes de começar, para anestesiar o estômago.
- Não beba demais, ou você vai comer mais do que seu estômago pode aguentar.
- Esqueça a batata frita, o arroz e a salada, isso você pode comer todos os dias.
- Não descasque os camarões. Isso é heresia. E a casca vai ocupar um espaço extra no seu estômago sem acrescentar calorias.
- Não adianta pedir pra embrulhar os restos. Seqüência de camarão requentado não dá. E se estiver comendo no lugar certo, não vai encontrar nenhum pedinte que não possa comer camarão todos os dias.



A cabeça você pode deixar, ok?

Foi bom ter ido sozinho para poder flanar, flanar, mas encontrei bons amigos. Consegui me manter sentado uns... 5 minutos, em companhias queridas.


Minha fantasia de turista.

Fiquei mais concentrado na Barra, Praia Mole e Lagoa. A Mole é aquela coisa, point gay de gosto duvidoso. Não entendo aquele som altíssimo tocando uma house vagabunda, o povo se pastilhando e cheirando K em plena luz do sol. A mim não bate bem.

Eu até tentei me afastar do Bar do Deca e ir pra outro ponto lá, mas o bar dos playboys pra baixo da mole tocava a MESMA música, no MESMO volume. Daí não dá...



Encontrei duas bonitas para fotografar e não parecer que eu estava sempre sozinho.



O que salvou foi a praia da Barra, mais família e mais suave. E tem sempre a Galheta para se caminhar...


E velhas amigas de Porto Alegre...


A virada em si eu passei numa festinha fechada no Canto da Lagoa. Bacana. Gente bem bonita (e louca), vista linda e fogos. Acho que não dava para pedir muito mais, embora nessas horas faltam os amigos mais próximos para abraçar...


O queridíssimo Ricky, amigo de anos, foi quem me convidou. (Eu já estava na aguinha...)



Por lá também encontrei a Maria, de SP, (à direita) com amigas.



DJS muy locos.

A vista (era bonita, pode acreditar).

Gorky (do Bonde do Rolê) também estava lá, muito bem acompanhado.


Eu voltei de manhãzinha, a pé, do CANTO da Lagoa até a BARRA. Foda. Umas duas horas. Só lembro que numa determinada hora eu beijei o chão, agradecendo por só precisar dos meus pés para chegar... (É, esse era o meu estado.)



Ah, e eu passei de branco, mas com cueca (virgem) vermelha, para desatolar... Não fez efeito.


Fora isso, só saí mais uma noite, de sábado, no Jivago. Divertido. Mas quente e cheio demais, e com aquele clima de festa particular que tem por toda Floripa. Ao menos consegui me enturmar...

Os bonitinhos do Jivago me fazem derreter...


Meu último dia foi no centro.



Aproveito também para dar meu parecer mais apurado sobre o Motodext (que ganhei da Motorola há pouco mais de um mês). Ele funcionou bem. Me ajudou horrores com o Google Maps (na própria noite de reveillon, só consequi chegar graças a isso) e me socorreu como MP3 Player por eu ter esquecido o cabo para recarregar meu Ipod. Também navega bem na Internet e eu acessei emails e twittei dos lugares mais improváveis. Mas ele é um pouco complicado para as coisas mais simples (tipo "salvar um contato") e tem um problema sério de bateria. Dura muuuuuuuuito pouco. Daí não serve pra nada, se seu celular morre quanto você mais precisa. Eu preciso deixar ele toda noite na tomada. Assim não dá...





E agora? Sei lá. O que eu queria mesmo era voltar. Mas acho que minhas férias chegaram ao fim. Continuo sufocado de traduções. Tenho dois livros pra entregar este ano pra Record (o juvenil e o de contos) e preciso sentar na frente dessa tela e trabalhar.


Vamos ver se conservo ao menos a areia no ouvido... E o som do mar como um sonho distante.

MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...