28/12/2008

MINHAS FÉRIAS

Pastel de areia.

Estou indo para o Rio, passar o reveillon como se deve. Volto já no comecinho de janeiro - para São Paulo e o blog.
Fique com minhas vibrações positivas. Boas viradas. Nos encontramos em 2009.
Para quem fica, deixo uma crônica de férias, que publiquei verão passado na revista Joyce Pascowitch.
Beijos!
Eterno Janeiro Distante.

Depois do Natal é sempre muito quente e não gosto de ficar em casa. Prefiro ir pra praia, mas nem sempre tem alguém pra me levar. Às vezes meu pai tem de trabalhar, às vezes minha mãe, às vezes os dois. Ás vezes acho que eles estão é cansados de viajar comigo, e fica um empurrando pro outro. Daí, às vezes eu vou só com minha mãe, para a casa da minha avó. É legal, mas não como ir pra praia.

Agora meu pai mora em outra casa, e nesta época de calor, minha mãe diz que é ele quem devia me levar pra viajar. Eles já não viajam juntos. Nem se falam direito. Meu pai não me leva pra praia porque tem muito trabalho. Minha mãe agora também tem. Mas eu não ligo de ficar aqui em casa, aproveito para jogar videogame o dia todo, não preciso estudar. Só é duro agüentar o calor...

Melhor ficar aqui do que quando minha mãe quer me mandar pra casa da minha avó. Ou pro acampamento. Detesto acampamento. Detesto ter de jogar futebol com aqueles moleques que nunca vi na vida, nunca mais vou ver e que tenho de ficar amiguinho só porque eles têm minha idade. Eles não têm nada a ver comigo. Também não quero ir pra praia. Detesto praia. Detesto calor. Se esta cidade não fosse tão quente, eu passava janeiro numa boa, lendo no meu quarto.

Porque viajar com os MEUS amigos mesmo minha mãe não deixa. Diz que só se for com algum adulto responsável. Como se a gente fosse criança. Como se desgraça só acontecesse quando a gente viaja. Desgraça é ficar nesta cidade. Neste calor. Minha mãe tem medo que eu morra na estrada, mas vou acabar me matando é neste quarto, na frente da Internet ou da TV a cabo.

Acho que vou é ficar trabalhando. Janeiro inteiro. Pra juntar dinheiro. Quero comprar um carro, e ainda tenho de pagar a faculdade. Não tá fácil este ano. Às vezes penso que deveria estar aproveitando enquanto sou jovem, tirando o mês de férias pra viajar, como meus amigos, mas ainda tenho tempo, quem sabe no próximo ano? O duro de trabalhar em janeiro é o calor que fica nesta cidade. E o vazio. Janeiro é um mês melancólico...

Também por que todo mundo inventa de viajar em janeiro? Para quem tem filho, eu até entendo. Mas pra quem é solteiro, quem trabalha, melhor tirar outro mês. Os lugares todos cheios. As passagens absurdamente caras. Melhor curtir a cidade mais vazia, trabalhar sossegado. Lá pra maio, junho, fica mais fácil eu tirar férias. Daí é tranqüilo eu conseguir uma folga. O duro é que o calor já vai ter passado...

Eu até que poderia tirar o mês de férias este ano. Trabalho sempre todo janeiro, enquanto todo mundo sai do escritório. Mas a Regina vai ter de trabalhar de qualquer jeito, e não teria graça viajar sem ela. Bom, além disso ela me mataria. Ela me mataria se eu fosse viajar enquanto ela tem de ficar aqui, trabalhando. Há tanto tempo a gente está planejando... De repente Campos do Jordão no inverno? Ou Gramado? Pode ser romântico. Mas seria tão lindo ver a Regina de biquíni...

Se bem que a mãe dela tá certa. Nem pensar que vou admitir isso pra ela, mas a mãe dela tá certa. Tá muito quente e o Thomas é muito pequeno pra gente viajar com ele ainda. Mesmo que seja só pra praia. Ele vai ter de ficar a maior parte do tempo no berço, a Regina vai ter de ficar com ele, ninguém vai aproveitar coisa alguma. Então este ano não vai dar. Este ano, nada de viajar. Pena viver numa cidade tão abafada, tão poluída, com meu filho.

Decidi, não quero nem saber. Este ano vou pra praia com minha família. Não importa a apresentação de fevereiro. Não importa as prestações que ainda falta pagar. Regina conseguiu tirar um mês de folga. O Thomas está de férias na escola. Faz um calor invernal e a casa da praia está lá, só esperando por nós. Faz tanto tempo que nem sei. Faz tanto tempo que nem parece mais minha casa. Minha casa na praia, um privilégio e um luxo, que eu nem aproveito. Preciso ver onde deixei as chaves. Precisamos ir antes que fique tarde. O congestionamento. Acho que vou levar a mamãe com a gente, faz tanto tempo. Faz tanto tempo que a gente não viaja. Será que a previsão está mesmo certa? Não vai parar de chover?

TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...