09/08/2008

O QUE EU QUERO SER QUANDO CRESCER.





Da Veja Online (04/07/03)


Nos anos 80, o escritor e cineasta inglês Clive Barker ganhou notoriedade por criar um estilo próprio de terror. Além da farta quantidade de sangue e cadáveres, ele empregava em suas histórias ingredientes como o sadomasoquismo e a escatologia. Exemplo disso é seu trabalho mais bem-sucedido como diretor de cinema, Hellraiser (1987), que acrescentou à galeria do horror classe B uma criatura que tinha o rosto crivado de pregos – o demoníaco Pinhead. Três anos atrás, Barker mostrou a executivos da Disney a sinopse de uma saga infanto-juvenil e vários desenhos que a ilustrariam. Eles se convenceram de que estavam diante de algo capaz de fazer frente ao sucesso do bruxo mirim Harry Potter, e adquiriram os direitos de filmagem da história por 8 milhões de dólares. Barker abocanhou metade dessa bolada sem que tivesse escrito uma única linha. A outra parte ele embolsará quando o primeiro filme baseado em sua idéia entrar em produção.



Cinqüentão, Clive Barker tem um estilo de vida que não combina em nada com o figurino família que é a marca dos estúdios Disney. Ele é gay assumido e expõe sua intimidade de forma calculada para reforçar a aura de artista extravagante. Tempos atrás, resolveu explorar seu sex appeal ilustrando um de seus livros com uma foto sua peladão (em pose frontal). Para completar, autografou uma edição limitada da obra com gotas do próprio sangue. As pinturas que exibe em seus vernissages "para adultos" são bem diferentes das mais de 100 ilustrações que adornam sua saga infanto-juvenil. Uma delas retrata um cadáver sem cabeça de cujo pescoço jorra um vulcão de sangue. Outra, que ele considera sua obra-prima nupcial, mostra o pênis dele e o do companheiro atados por um cordão. Barker vive há sete anos com o fotógrafo de nus masculinos David Armstrong e diz ter se inspirado na personalidade da filha deste último para conceber a heroína de Abarat. Além da pintura, o artista se entretém com um zoológico particular em sua mansão em Los Angeles. Ele abriga serpentes, aranhas e até ratos capturados no porão da residência.




Achei só esses dias essa matéria. É isso que eu quero, principalmente o zoológico.

Bizarrices à parte, já li boa parte da obra de Barker. Não acho ótimo, mas acho bem instigante. Ele tem um universo bacana, criou conceitos bem originais, mas sempre acaba ferrando seus livros de alguma forma. Ainda sim, é uma fonte de inspiração. E eu mesmo adoraria escrever um livro assumidamente de terror. Ainda não cheguei lá, mas vou botando sangue e suspense nos meus livros, de qualquer forma.


Falando nisso, aviso que ainda tenho alguns “Olívios” aqui. Agora é pra acabar com meu estoque, porque vendo esse livro há anos e não agüento mais. Heheh. (Eu acabei ficando com um estoque enorme, como pagamento de direitos autorais. Agora sobraram uns 20).

Quem ainda quiser me escreve logo, que mando autografado: santiagonazarian(arroba)gmail.com. Fica 25 pila, já com frete. Mas tá acabando...

Vai um trecho de aperitivo.

“Eu não preciso que me diga o quanto de vermelho há em mim!! Se meu nariz está sangrando é por sua causa. É o que você queria desde o começo. É o que você chama de profundidade. É o que você chama de viver a vida. É por onde você acha que eu devo passar, e por onde acha que eu devo descer. É onde você acha que eu encontro a poesia. E onde acha que a poesia encontra a mim. Nos puteiros, nos cinemas, nas ruas e nos becos, nas drogas e prostitutas. É onde você sempre quis me levar. É pelo que você acha que eu devo passar. E agora me encontra confortável nos seus pés descalços, você, dormindo no seu apartamento, acordando de manhã cedo e esperando que eu traga tudo aquilo que você acha que é certo. Esperando que eu traga a poesia até você. Não tenha pena de mim. Era isso o que você queria. Você se esforçou desde o começo para tudo dar errado. Para ter sobre o que escrever.”


(Ai, cada vez que pego esse livro agora para procurar um trecho fica mais difícil. Está ficando distante... distante... distante...)



Falando em sangue. Ontem revi um clássico do meu inconsciente. Sabe aqueles filmes obscuros que você assiste uma vez, depois passam-se se anos e você até esquece dele, depois começam a surgir uns flashes e você se pergunta que filme era aquele e se realmente existiu?

Assim é “Parents”, suspense dos anos 80, que foi lançado em VHS como “O Que Há para Jantar?” e, obviamente, nunca em DVD no Brasil. É a história de um menino vegetariano que começa a suspeitar que seus pais são canibais. Poderia ser visto como um filme e humor negro, mas não há muito humor. Também não há violência, só um clima permanente de estranheza. Foi bom para constatar que o filme era tão bom e tão bizarro quanto eu me lembrava. O que não se encontra na Internet hoje em dia, não é?





Procura bem que você acha.


Agora é uma noite fria e chuvosa de sábado. Sem pitéu por aqui, vou me jogar na pilha de livros que tenho para ler, avaliar e resenhar. Chegou também (finalmente) até mim o livro "Os Filhos do Imperador", da Claire Messud, que eu traduzi (e que ainda não tinha recebido). Foi um trabalho complicado, mas o livro recebeu ótimas críticas. Então fica aí a dica. "Os Filhos do Imperador" é um romance sobre a elite novaiorquina de jornalistas, patricinhas e ególatras no pré e pós 11 de setembro.


Agora boa noite.

MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...