23/02/2006

A PIPA DO VOVÔ NÃO SOBE MAIS

Como eu suspeitava, ninguém conseguiu me arranjar a MP3 do Caixão. Só recebi emails de gente se lamentando. Tudo bem, fica pro próximo ano. Ou de repente no Natal eu peço para me arrumarem aqueles hinos "cantados" por cachorros. Tenho uma versão canina do "Jingle Bells" super cool...

Então bom carnaval procês. De repente apareço aqui semana que vem, de um cyber qualquer.

Beijo pros mano, abraço pras mina.

20/02/2006

PROMOÇÃO MARCHINHAS PSICÓTICAS!

Ontem vieram amiguinhos aqui em casa e nós esquentamos para o carnaval com champagne e marchinhas antigas – "A Pipa do Vovô Não Sobe Mais", "Olha a Cabeleira do Zezé", "Folia no Matagal" e Grace Chang - a Carmen Miranda da China.

Mas faltou a fundamental: "Castelo dos Horrores" – uma marchinha de 1969 com participação do Zé do Caixão. A letra:

Eu moro no castelo dos horrores
Não tenho medo de assombração
Ooooooô, eu sou o Zé do Caixão
Não adianta ter medo de caveira nem de "Frankstéin" (sic)
Porque mais cedo ou mais tarde você vai ser caveira também.


Tentei achar na internet, no Soulseek, mas não consegui. Então lanço uma promoção:

O primeiro que me mandar essa marchinha em MP3 ganha um "Feriado de Mim Mesmo" autografado e um cd com as "marchinhas psicóticas." MAS ATENÇÃO! Essa promoção é válida só até quinta, dia 23, às 18h, porque depois eu vou viajar e só volto depois do carnaval.

O email para mandar é santiagonazarian(arroba)gmail.com

E VOCÊ, você, todos vocês que praticamente não me mandarem a música, seus dedo (sic) se transformará em lesma, sua língua se transformará em cobra e comerá todas as suas vísceras. Haha.

17/02/2006

COLHEITA BENDITA

Estou cansado desse "universo augusta" em que vivo. O povo descabelado do Espaço Unibanco, as barbies da Frei Caneca, as putas, os traficantes, os michês e os filhos do milho. Por mais que você queira ficar quietinho dentro de casa, passa na padaria e encontra antigos rolos. Vai comprar pão e te servem vodca. Erra a entrada do supermercado e acaba na Loca...

E eu não quero ficar quietinho em casa. Estou espantando a "mala onda" que me atolou no final do ano passado; quero festas, confetes, m&m's... O foda é rodar pelos mesmos cenários, encontrar as mesmas pessoas, freqüentar esse underground institucionalizado que acaba tornando a metrópole uma pracinha sem igreja...

"A mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim..."

Quem dera tivesse flores. Por isso já comprei minha passagem para Floripa. E depois estico para Porto Alegre. O Araki vai ficar aos cuidados da minha mãe e de uma faxineira. Eu vou ficar na casa de amigos queridos, o que vai me permitir dosar a quantidade de serpentina do meu carnaval. Ser feliz em voz alta. Mastigar humanos e digerir seus sonhos...

Antes, termino mais uma traduçãozinha aqui. E começo novos contos. Surgiram convites para duas antologias bem interessantes, mas ainda não posso dizer o que é. Sempre considero o conto um bom exercício, apontar para novas direções, testar tramas e estilos sem o comprometimento que um romance exige.

Meu quarto romance está prontíssimo, agora é só trabalhar as ilustrações e mandar para a gráfica. Deve ser lançado em agosto. E me seguro para não começar o quinto (que já está se paginando na minha mente). Preciso retomar a peça que eu estava escrevendo (e que ainda não sei se vai prestar). Enfim, esses projetos pessoais e literários nunca exigem pressa. Eu até que sou rápido demais para o ritmo do "mercado".

E se erro a entrada no mercado, acabo na Loca...

14/02/2006

“LA GARANTIA SOY YO”

Assistam "As Chaves de Casa", filme italiano belíssimo, delicadíssimo, comovente, mas ainda assim não-deprimente.

Voltando ao mundo mágico das perucas, agora o marido da J.T LeRoy está se separando dela e a está processando para ganhar uma fatia do pimpolho. Ele assumiu que é tudo uma invenção e disse que também ajudou a compor o personagem. Ou seja, LeRoy é uma criação coletiva?

Continuo na defesa. A pedido do Emediato, escrevi um texto para a Geração Editorial usar na divulgação do livro. Acredito no livro, e isso é o que vale. O personagem se torna ainda mais interessante. Ele inclusive estava programado para a Bienal, agora não vem mais. Cogitou-se em fazer uma mesa redonda sobre o caso, comigo, o Sérgio Dávilla e não sei mais quem, mas parece que não vai rolar. E eu é que não vou colocar peruca para autografar a minha tradução! Haha.

Enfim, leiam, leiam, os dois livros são ótimos.

Este está sendo um ótimo mês de trabalho para mim, finalmente. Fiz a tradução de dois filmes, o artigo para a Geração, a introdução de um livro, uma matéria pra TPM e ainda entrou o adiantamento de “Mastigando Humanos”. Aproveitei e fui comprar um aparelho de som novo, que o meu agora só tocava “Cansei de Ser Sexy”, e olhe lá. Fui naqueles multilets dos chineses, viver meu sonho Robin Hood. Os mesmos aparelhos tinham diferença de até 150 reais de um estande para o outro (seriam os impostos?). Comprei numa chinesinha lindinha que me explicou tudo por mímica. Na hora que perguntei da garantia, ela pegou a caixa, desenhou com caneta aqueles ideogramas chineses impossíveis e disse. “Essa é a galantia.” Haha. Eu devia tê-la pedido em casamento.
Agora estou aqui, com o Araki no meu colo, ouvindo meu sonzinho novo... que toca o mesmo de sempre: Bowie.

“For in truth, it’s the beginning of nothing, and nothing has changed, everything has changed...”

10/02/2006

UM POST MAIS PRÓXIMO DA MORTE

Esta semana fui ao Rio conhecer minha editora nova e ver as ondas sinistras de Ipanema. Tudo delícia. Meu almoço com os editores teve direito até a um dos animais exóticos presentes no meu livro... em forma de risoto. Queria ter ficado mais por lá, mas a grana ainda não entrou e estou empurrando as viagens para o carnaval...

Que tal Floripa? Estou pensando. Apesar do carnaval lá ser meio excessivo de trânsito e viadagem. Mas carnaval é mesmo uma festa de excessos. Só preciso arrumar um carro com bom aparelho de som, para colocar Prodigy no último volume quando o trânsito estiver parado, porque certamente a concorrência estará escutando "feito bola de sabão me desmancho por vocêeeeeee..."

Estou pensando também em esticar minhas cinzas em Porto Alegre.

E, vejam só, este blog saiu este mês na revista da MTV. Matéria sobre blogs de escritores assinada pela querida amiga Andrea del Fuego. Ela colocou inclusive um post meu, aquele sobre o River Phoenix (que Deus o tenha).

Falando em "Deus o ter", depois do último post post-mortem, recebi uma mensagem interessante de um leitor, Raphael, me falando da comunidade "Perfis de Gente Morta". É uma comunidade no orkut que se encarrega de localizar perfis de gente que acabou de morrer, e ficam tentando descobrir a causa da morte. Mais sinistro do que as ondas de Ipanema...

Saiu também uma matéria sobre morte e velhice na literatura, assinada por mim, na TPM deste mês. O que eles me pediram era uma seleção de livros que tratassem do fim da vida de uma forma positiva, ou ao menos com alguma mensagem. Era para ter duas páginas, mas diminuiu para uma, então tiraram muita coisa que coloquei. Vai aí a seleção completa dos livros:

As Intermitências da Morte
A Morte de Natália
Morte em Veneza
Memórias de Minhas Putas Tristes
Quando Eu era o Tal
21 Escritores Brasileiros
Memórias Póstumas de Brás Cubas
O Velho e o Mar
Por um Fio
Mrs Palfrey no Claremont

Vocês podem ler o texto com resumo dos livros no www.revistatpm.com.br

E fui, fui, fui, ver "Brokeback Mountain". Retiro o que disse. Acho que o filme é "didaticamente positivo". Tem uma mensagem positiva para o grande público, sobre homofobia, relações homoafetivas e tudo mais. Lida com vários lados dessa questão, de forma bem explicadinha, para a dona de casa pensar: "veja, o homossexualismo é assim, tem putaria, mas também tem amor. Não adianta o cara tentar casar e constituir família. Não é medo de mulher", etc, etc. Muito bem. Legal ter um filme desses no Oscar, para o povão ver. Agora, para mim, não fez diferença nenhuma, não achei emocionante, nem bonito, nem interessante, até me entediou. Ao menos não é tão dramalhão quanto eu achei que seria. Mas é Hollywood 100%. Passo.

Agora vou ver os pingüins.

07/02/2006

SOBREVIDA

Só ontem fiquei sabendo de um amigo que se matou há algumas semanas. Um impulso me levou a procurá-lo nos "friends" do Orkut. Ele ainda está lá, ainda ligado a mim e com o perfil mais do que ativo. Achei um pouco assustador. Continuam surgindo scraps para ele, não de gente que não sabe o que aconteceu, mas coisas como "seja feliz nessa nova vida", "que agora você encontre a paz", "ontem sonhei com você".

Não é muita fé dessas pessoas continuar escrevendo? Mesmo elas acreditando no "depois", acham que o céu tem banda larga?

Fiquei pensando sobre isso, lendo, e, no final, achei bonitinho. Acho que é mais uma forma das pessoas ficarem em paz consigo mesmas, ou de mostrarem para outros que visitam a página dele o que elas sentem. Você vê como a tecnologia já faz parte desses processos. Eu mesmo quase escrevi por lá, pedindo desculpas a ele por nunca ter marcado o café que ele me cobrava. Mas agora já foi...

Acredito que depois de algum tempo sem login dele, a página desaparecerá. Mas é assustador pensar que não, que o Orkut acabará acumulando perfis de pessoas mortas por anos e anos (além dos seres fictícios).

Eu também já tive a curiosidade mórbida de visitar perfils de gente acusada de assassinato. Aquele cara que matou o colega na USP, por exemplo, tinha perfil lá. E o livro favorito dele era "O Talentoso Ripley". Isso é humor negro ou o quê?

Bem, bem, seu eu morrer, matar ou for abduzido, podem fazer a festa nos meus scraps. O difícil é ler tudo enquanto a gente ainda está por aqui...

Hoje tô azedo. Tô triste e com sede de vingança. Preciso de amor urgente, em seringas hipodérmicas.

(ps - Não vi "Brokeback Mountain" e acho que nem vou ver. Aqueles cowboys não me apetecem, e esses filmes de Oscar não fazem diferença. Se todo mundo viu, não forma repertório individual pra ninguém.)

04/02/2006

NOVAS FRONTEIRAS

Não sabia se já podia divulgar. Não sei se a notícia vazou ou se veio de fontes oficiais, mas saiu uma nota no "O Globo" de hoje, então já posso contar:

Acabo de assinar com a Nova Fronteira. Meu novo livro, "Mastigando Humanos" sairá por eles, no segundo semestre. Tive um bom relacionamento com a Planeta. Eles fizeram um ótimo trabalho de divulgação dos meus livros anteriores, mas estava na hora de "sair da casa dos pais", e a Nova Fronteira foi a editora que me fez a melhor proposta, não só de grana mas de todas as condições para o livro sair como eu o imagino. Fora que vai ser uma honra estar entre o catálogo de "fodões" deles.

"Mastigando Humanos" deve ser o maior dos meus livros, em todos os sentidos, com quase 300 páginas de insanidade. Além disso contará com ILUSTRAÇÕES de Marco Túlio, um jovem artista de Ribeirão Preto que combina doçura com sarcasmo como ninguém... ou melhor, como eu, nesse novo romance.

Vocês podem conhecer o trabalho dele aqui:

http://www.fotolog.com/myfriendgoo

A trama do livro... hum... isso eu ainda não vou contar. Vocês não levariam a sério. Haha. Só posso dizer que quase todos os personagens da história, inclusive o narrador, são animais.

E nesta semana vou ao Rio, discutir os detalhes da publicação na Nova Fronteira. Acho que não vai dar tempo de encontrar os amiguinhos cariocas, porque vai ser uma viagem bate-volta. Mas virão outras...

E falando em viagens, recebi esta semana também meu contrato com La Nuova Frontiera da Itália! Por eles vou lançar um conto só, numa antologia. E assim minhas fronteiras se expandem.

Abaixo, a notinha que saiu hoje no Globo. Recebi por email do querido Lu Gastão:

"Depois de tempos sem investir em novos nomes de autores brasileiros contemporâneos, a Nova Fronteira dá sinais de mudanças no horizonte com uma contratação algo surpreendente para quem detém um catálogo de perfil mais tradicional: Santiago Nazarian, jovem paulistano de ar e literatura underground , acaba de entregar um romance à editora carioca. O livro, ainda sem título, é o quarto romance de Nazarian, autor de "Olívio" (editora Talento) — vencedor do Prêmio Fundação Conrado Wessel de Literatura 2002 —, "A morte sem nome" e "Feriado de mim mesmo" (ambos pela Planeta, o último lançado no ano passado) e deverá ser publicado no segundo semestre, provavelmente a tempo de pegar a Festa Literária Internacional de Paraty, que começa dia 9 de agosto."

TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...