01/11/2006

O RIO DE JANEIRO CONTINUA EMO

Bela viagem. Voltei hoje.

Toda vez que chego no Rio me sinto meio melancólico. Talvez seja o rolar das ondas, o tom dos funcionários dos hotéis, que sempre parecem cuspir em hóspedes fuleiros como eu e dizem internamente: "Não queremos gente da sua laia por aqui. Este é um ambiente para turistas medalhões." O Rio turístico é caro demais, os táxis, hotéis, balada, comida em Ipanema. Como alguém pode pagar VINTE reais numa micro-pizza brotinho? E desta vez eu fui mais do que quebrado, com meu cartão bloqueado, montes de gente que não pagou meus freelas, sofrendo com as beldades de Ipanema como Aschenbach em Veneza...

Ao menos tinta ainda não me escorre dos cabelos.

Mas minha sorte mudou logo. Numa voltinha pelo Posto Nove encontrei amigos e amigos de amigos e quando vi já tinha convite para Tim Festival, Beastie Boys, Caetano Veloso e o caraleo. Impressionante a quantidade de gente que encontrei por lá. Leitores, amigos, famosos. Leitores amigos. Amigos famosos. Famosos leitores. E escritores e aloprados. Valeu por isso, porque das bandas mesmo eu não gostei de nenhuma. NENHUMA.

De qualquer forma, fiquei lisonjeado que Caê me homenageou com uma canção: "Eu jacaré, tu onça."

O debate ontem na Puc foi interessante. Eu e o Karim Ainouz (diretor de "Madame Satã") discordamos radicalmente. Ele fazia uma defesa do realismo no cinema, uma busca de retratar as questões sociais, a verdadeira identidade do povo brasileiro, algo por aí. Para mim isso não faz o menor sentido, e parece ser tudo o que TODOS os cineastas estão fazendo. Chega de realidade. Cadê o cinema lúdico, alegórico, fabulesco, fantástico? Cadê a sublimação da realidade? E não falo isso como defesa do cinema de entretenimento, não, pelo contrário. Só acho que está mais do que na hora do cinema brasileiro ir além, bem além da realidade e ampliar seu universo, seus temas e contestações....

Bem, mas um portal me pediu um texto sobre esse tema, sobre a questão do realismo e o que debatemos na PUC (e eles vão pagar pelo texto... espero). Então não vou entrar muito no que eu disse lá, por aqui. Assim que o portal colocar no ar eu aviso e passo o link.

Posso falar do lançamento pós-debate, do coquetel. Não teve carne de jacaré, mas vários outros animaizinhos... Várias comidinhas, bebidas, coquetel de primeira, não esperava. Melhor do que qualquer livraria faria. Quem não foi, perdeu. Eu mesmo achei que seria um pouco sem graça fazer o lançamento na Puc, mas foi incrível.

E claro que tudo isso se deveu aos leitores queridos que foram, levaram o livro, tiraram fotos, depois me embebedaram e me jogaram na sarjeta com os bolsos revirados. Só me lembro de sair de lá da Puc acompanhado de DOZE emos... Haha. Brincadeira, nem todos emos, mas éramos mesmo treze no Halloween. E foi divertido, não foi?

Ai, isso está virando diário de viagem...

Fiz dois programas no Rio. Um de rádio - "Música e Letra", na MPB FM – e um de TV – "Super Tudo", que tem uma apresentadora lindíiiiiiissima, vocês conhecem? Ela é meio emo também... haha.

Termino colocando os destaques que vi na mostra: "Taxidermia", "Não Quero Dormir Sozinho" e "The Night Listener". No Rio também vi a pré-estréia de "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias"... Bela fotografia.

Semana que vem tem o capítulo Porto Alegre. Feira do Livro, dia 11. Te vejo lá.

TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...