09/06/2006

CALUDA, TAMBORINS, CALUDA

"Mais uma noite em companhia dos fantasmas. Mais uma noite iluminado por eles. Fantasmas da televisão iluminando meu rosto, queimando minha noite, refletindo nas paredes, gritando no meu ouvido que eu estava sozinho. Eu estava sozinho. Mas os fantasmas da televisão multiplicavam minha falta de companhia. Fantasmas na televisão multiplicavam a ausência que eu buscava; tudo o que eu tinha. Se eu estava sozinho, ao menos tinha de me esforçar para enxergar..."

Bobagem, só literatura. Só algo que estou escrevendo. Estou escrevendo tantas coisas aqui em casa que tenho medo da tendinite e do LER. De uns dias pra cá as coisas se intensificaram bastante. Novas propostas, novas possibilidades de ação. Textos que não são meus conduzindo a minha escrita, traduções, roteiros. Vamos ver o que disso se torna realmente concreto. Nunca acredito nos outros. Só acredito mesmo nos meus projetos. Esse é o bom da literatura, minhas crianças, você só depende de si mesmo. E, até hoje, consegui publicar tudo no que acreditava.

Falando "nos outros", engraçado as comunicações que se faz na leitura, principalmente quando você também escreve. Hoje estava traduzindo uma passagem que me pareceu um pouco falsa, e a autora, como personagem, encerrava falando que não era assim que ele se sentia realmente. A questão é que eu não sabia se um cara naquela situação se sentiria realmente daquela maneira, provavelmente nem a autora. E talvez por isso ela tenha colocado o próprio personagem em dúvida: sentia-se realmente assim ou estava apenas projetando sentimentos ideais? Entende? Isso é um grau de profundidade na leitura muito prazeroso e fiquei satisfeito por sentir naquele momento que eu sabia exatamente o que a autora estava fazendo. E ela também, ela também sabia. Ao menos sabia como resolver aquela limitação.

Ai, pára, pára, pára com isso, não me encha o saco, saia daqui, saia daqui!

Caluda, tamborins, caluda...

Também tenho feito uma série de entrevistas para um artigo que estou escrevendo sobre "noite". "Vida noturna nos dias de hoje", seria mais fácil dizer. É gostoso fazer entrevistas, né? Você só solta o novelo e vê os gatos brincando, puxa para um lado e vê o que eles fazem, se eles ficam quietinhos você agita mais um pouquinho. E na verdade as perguntas são em cima de muita coisa que você acredita, mas na verdade as pessoas não confirmam nada, levam para outra direção, ou contradizem. É como uma conversa silenciosa. Ou como uma conversa disposta a ouvir o outro. Afinal, quem está disposto a ouvir o outro? Eu não tinha esse costume, agora estou tendo. E estou gostando.

Aaaaaaaai..

E hoje estava vendo uma menina, a Luara, tão plena e radiante, com seu sorriso de verão. Tão cheia de vida. Fiquei feliz só dela estar feliz...

Haha. Vai se foder...

Hoje coloquei uma frase no meu caminhão: "Tanto no sexo quanto na vida, quem tem posição definida não tem imaginação."

Isso não está dando certo. Depois eu volto. Estou ouvindo aqui:

But I don’t have the right to be with you tonight, so please leave me alone with no saviour inside. I’ll sleep safe and sound with nobody around me. - Catatonia

MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...