31/12/2005

ANTES QUE TUDO SE ACABE....

Vão aí as inevitáveis listas.

O Estadão me pediu uma lista dos melhores livros do ano. Sempre acho isso muito injusto, porque em literatura é muito difícil você estar bem atualizado e ler todos os lançamentos expressivos. Ainda mais porque os novos estão sempre competindo com imortais. É bem razoável alguém dizer que não leu quase nada do que foi publicado neste ano, mas até que eu li uma quantidade razoável. Então mandei os que mais gostei entre os que eu li, publicados em 2005 (ainda que em reedições). Vai aí:

A PAIXÃO DE AMÂNCIO AMARO – André Laurentino (Agir)
Laurentino faz uma bela estréia misturando uma melancolia carinhosa com humor extremamente literário.

ZARATEMPÔ – Evandro Affonso Ferreira (Editora 34)
Evandro, o domador das letras, mostra que também consegue extrair suspiros de seu chicote. Alta literatura, sem concessões, mas ainda com sentimento.

ALMOÇO NU – William Burroughs (Ediouro)
Finalmente a Ediouro traz uma versão definitiva para "Naked Lunch" com deliciosos adendos, cartas e reflexões, numa ótima tradução de Daniel Pellizzari, que consegue tornar mais fluente um texto extremamente intrincado.

CAIO 3D – Caio Fernando Abreu (Agir)
O resgate que a Editora Agir faz da obra de Caio Fernando Abreu lhe garante a imortalidade merecida e a atualidade necessária.

VOLÁTEIS – Paulo Scott (Objetiva)
Scott pisa num terreno conhecido de muitos escritores contemporâneos e sai em disparada com um romance alucinado, denso e verdadeiro. Ele simplesmente faz funcionar o que muitos outros tentam.

CONTOS NEGREIROS – Marcelino Freire (Record)
Marcelino reforça que a diferença que faz na literatura brasileira também está no papel. Uma prosa oralizada, singular e efetiva.

O PAPAGAIO E OUTRAS MÚSICAS – TIAGO PICCHI (7 Letras)
Um livro meio suspeito, que vem com CD, que aos poucos vai revelando um humor absurdo, finíssimo, inexplicável. Deixe disso. Leia e comprove.

SARAH – JT LeRoy (Geração Editorial)
LeRoy é o personagem vivo de um grande escritor (ou escritora?) que domina as páginas e os holofotes com a mesma habilidade. Isso é viver literatura.

RESPOSTA – Elisa Nazarian (Ateliê Editorial)
Quem sempre acompanhou e é fruto direto da poesia de Elisa não poderia deixar de louvar a estréia dela no mercado editorial. É vergonha a gente ter orgulho dos pais?

FERIADO DE MIM MESMO – Santiago Nazarian (Planeta)
Hum, como eu poderia deixar de colocar um thriller psicológico com um personagem só, passado num único cenário, que abre centenas de portas? É vergonha a gente ter orgulho dos filhos?

A lista dos melhores filmes eu comecei a fazer mentalmente. Ninguém me pediu. Não está muito organizada, nem chequei o nome dos diretores, mas vai aí os que eu lembro:

"O Clã das Adagas Voadoras"
"Herói"
"Mistérios da Carne"
"Old Boy"
"Casa Vazia"
"Sin City"
"Ninguém Pode Saber"
"Jogos Mortais"
"Tempestade de Verão"
"Dumplings"

Cds. Ouvi pouco do que foi lançado este ano, mas vai os que eu acho que merecem entrar na lista:

"I Am a Bird Now" – Antony & the Johnsons
"Odissey" – Fischerspooner
"Cansei de Ser Sexy" – Idem
"The Understanding" - Royksopp
"Here Comes the Tears" – The Tears
"O Primeiro Círculo" – Dan Nakagawa
"O Exercício das Pequenas Coisas" – Ludov
"Live" – Morrissey
"Craving"- Lastpain
"Drawing Restraint 9" - Björk

A revista "Quem" me pediu uma lista também, mas eu não entendi direito. Era de "programas bacanas para se fazer", e eu achei que era de "coisas que eu queria fazer antes de morrer". E mandei uma lista bem bizarra. Mas parece que eles publicaram mesmo assim, porque uma prima minha veio comentar com estranheza. Então taí a lista:

1. Se desfazer de (quase) todos os bens materiais, colocar uma mochila nas costas e ir.
2. Ir de carro para Buenos Aires, parando bastante.
3. Escrever um romance num laptop, viajando de trem.
4. Ver a aurora boreal.
5. Pular de para-quedas
6. Comer um peixe que pesquei em alto mar.
7.Fazer uma pequena aparição num filme, como eu mesmo.
8. Ter filho com uma chinesa.
9.Mudar de sexo no final da vida sexual.
10. Ser devorado por um animal selvagem. E fim.

Feliz ano novo.

MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...