02/06/2005

SUCO DE CÉREBRO

Já viu "Old Boy"? Fui assistir só ontem. É um filme interessante, forte, denso, ainda que bastante kitsch, fetichista, pop, folhetinesco. Tudo o que "Kill Bill" queria ser. Mas eu não gosto do Tarantino.

"Old Boy" é do coreano Park Chan-Wook. História de um cara que passa 15 anos preso sem saber o porquê. E depois que é solto, luta por vingança. O filme tem umas duas horas, mas parece muito mais. Tem um pouco estrutura de novela, com várias revelações surpreendentes que vão se desdobrando. A montagem também é bem interesante, a fotografia, edição, um ritmo moderníssimo. Não tem nada a ver com esses outros filmes de luta, tipo "Clã das Adagas", é mais urbano e nada épico. Alguns tratamentos lembram esses filmes pseudo-snuff, como "Saw", "Seven" e "Hannibal". Talvez pelo aspecto fetichista.

Mas o filme já está se apagando da minha mente. Hoje em dia está sendo assim. Eu vejo um filme e uma semana depois já não lembro mais dele. Também é assim com livros, com pessoas que conheço. Outro dia uma grande amiga ligou aqui em casa, falou o nome e eu não tinha idéia de quem era. Minha memória está um caco. E eu nem fumo maconha. Será que meu HD chegou à capacidade máxima?

"É preciso perder alguns neurônios para que os neurônios sobreviventes se esforcem mais. Esquecer os nomes dos pais, para recitar poetas franceses. Contanto que eu não perca minha censura, tudo o que eu me lembrar pode ser usado a meu favor."

Sabe de onde é isso? Do meu QUARTO romance. Já está pronto. Não prontíssimo, mas pronto. Já mandei a primeira versão para registro. Daqui a alguns meses, pego de novo, dou uma relida, mudo algumas coisas que ainda não me satisfazem (como o final) e começo a pensar numa publicação. Mas pretendo lançá-lo só no final de 2006, começo de 2007, nunca antes. É preciso dar um respiro maior agora. Deixar um pouco de lado meus planos de imortalidade para me concentrar na sobrevivência do dia-a-dia. Você sabe, comer, beber, respirar...

Falando em comer, tem alguns trabalhos interessantes surgindo aí. Espero que rolem. Já estou traduzindo um filme, coisa que adoro fazer. Sempre aprendo muito com tradução. A tradução do livro "Quando Eu Era o Tal" (que está para sair, pela Planeta), por exemplo, me acrescentou muitíssimo. Talvez tenha sido o trabalho que mais me acrescentou literariamente, mesmo que o livro não seja uma obra prima. Ele me obrigou a me aprofundar na obra dos beats, pesquisar muito da cultura americana em geral. Algo que eu nunca faria se não fosse por trabalho.

Tô lendo "O Coração É um Caçador Solitário", do Carson McCullers, e estou gostando bastante.

Nesse final de semana vou pra casa da minha mãe... no campo. É um bom retiro, com livros, lareira, cachorros e... c h o c o l a t e.

MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...