10/12/2004

POR QUEM OS GATOS MIAM

Meu conto "Quasímodo"já está no ar no "Portal Literal", num especial de 2 anos do site. Dá pra ler no:

http://portalliteral.terra.com.br/index.htm

Voltando às listas, vai agora a dos meus filmes favoritos. Não coloquei nenhum nacional. E fiz uma lista separada só para filmes de terror, ehehehe, porque os critérios são outros. Primeiro vai essa:

"Adeus Minha Concubina" de Chen Kaige (China) -1993
Esse é provavelmente meu filme favorito DE TODOS OS TEMPOS. Eu até tenho a fita aqui em casa, aquela da Videoteca Folha. É a história de dois meninos que são criados desde pequenos para serem atores da Ópera de Pequim, um interpretando o rei e o outro a concubina. Claro que eles vivem em conflito de identidade com seus personagens e têm uma relação doentia um com o outro. É tudo tão bonito, a fotografia, as roupas, a história. O filme é longuíssimo e acompanha também a história da china no século vinte. Fora que eu acho o idioma uma graça, a coisa mais parecida miados de gato que há. Haha.

"Aconteceu na Suite 16" de Dominique Deruddere (Bélgica) -1996
Esse é pouco conhecido. Eu também tenho aqui em fita, mas comprei direto de uma distribuidora quando eu trabalhava numa livraria. E não é fácil de achar pra alugar. É um filme bem "wildeano", a história de um michê cafajeste que espanca e rouba mulheres. Um dia, numa fuga, ele se esconde num quarto de hotel (a suite 16), onde mora um velho paraplégico. O velho inicialmente é feito de refém, mas aos poucos vai virando a situação e dominando o petiz, que não tem lá muito cérebro. Um filme sobre a beleza e a juventude, e suas obsessões.

"Ed Wood" de Tim Burton (EUA) -1994
Ah, do Tim Burton eu gosto de vários (e desgosto de alguns). Eu poderia colocar também "Big Fish", que é lindinho e fabulesco. Mas esse eu acho que é mais representativo. A biografia do cineasta trash Edward D. Wood Jr, conhecido como "o pior diretor de todos os tempos". O papél título é de Johnny Depp. Martin Landau faz o Bela Lugosi. O filme todo é rodado em PB. O que mais eu poderia querer?

"Não Viver" de Hiroshi Shimizu (Japão) - 1997
Já falei desse aqui, não? É aquele dos japoneses que decidem morrer para as famílias ganharem o seguro de vida. Então armam uma viagem na qual o ônibus despencará de um penhasco no terceiro dia. Só que uma japonesinha serelepe teen entra no ônibus por engano e quer curtir a viagem. Eles não avisam nada, para usá-la de álibi na companhia de seguro – a única que não tem motivo para morrer – mas, ao mesmo tempo, ela vai mostrando a eles "belas razões para se viver". Não é piegas não. Tem um certo humor negro.

"Morte em Veneza" de Luchino Visconti (Itália) -1971
Ah, Tadzio. Acho que essa é a melhor adaptação de uma obra literária para o cinema. É bem fiel. As pequenas modificações não alteram em nada a essência da obra. O Tadzio das telas é exatamente o que você imagina do Tadzio das páginas. E toda aquela melancolia, aquela lentidão. É um filme para ser visto exatamente como faz o personagem principal, por fetiche, admirando a beleza, a fotografia, sem pressa de nada acontecer, mas com um certo desespero...

"O Anjo Exterminador" de Luis Buñuel (México) -1962
A idéia do filme é simples, maravilhosa e arquetípica: convidados não conseguem ir embora de uma festa. Nada os prende, não há barreira alguma ou coação, apenas um bloqueio psicológico que os mantém por dias e dias na mesma sala, sem conseguir sair de lá. Claro que é uma história absurda, claro que é uma obra surrealista, mas foge à lógica fragmentária do gênero. É comum nas obras surrealistas jogarem-se muitos elementos desconexos, como citações imagéticas, para se criar o estranhamento. Nesse filme isso é mais sutil, e eu considero isso um grande mérito. Do Bunuel eu também adoro "O Obscuro Objeto do Desejo".

"Amores Expressos" de Wong Kar Wai (Hong Kong) - 1993
Hum, também é difícil escolher um filme do Wong Kar Wai. Apesar dele não ter muitos, são todos lindos, modernos e poéticos. Esse foi o primeiro que eu vi. Talvez não seja o melhor, mas é o mais "meigo". Todos os personagens são ternos, bonitinhos, e ainda assim melancólicos, solitários. São duas histórias que semi-interagem. Não têm muito a ver uma com a outra, mas acontecem na mesma região de Hong Kong, na mesma época, divindo cenários.

"Adeus Dragon Inn" de Tsai Ming Liang (Taiwan) - 2003
Tsai Ming Liang é dos meus diretores favoritos. Talvez este seja o filme mais "difícil" dele. Nunca entrou em cartaz. Também não tem em vídeo, e PRECISA ser visto no cinema. Retrata a última sessão de um cinema decadente de Taiwan, que já teve seus dias de glória. Na platéia, circulam prostitutas, crianças, gays a caça e velhos atores. Os planos são longuíssimos. Muitas vezes estamos sentados no cinema olhando para a cara de atores que também estão sentados. Assistimos a eles assistindo um filme. É um exercício extremo de metalinguagem. Genial. Mas cansativo.

"Dogville" de Lars Von Trier (Dinamarca) - 2003
Esse todo mundo conhece, não? Acho que tem o melhor final que já vi num filme. Satisfez todos os meus desejos. E toda a estrutura do filme, aquele cenário, o tom de fábula, é muito inteligente. Eu gosto de todos os filmes dele que vi, mas acho que esse é mesmo meu favorito.

"O Processo" de Orson Welles (EUA) 1962
Já que tem de colocar Orson Welles, né? haha. Ok, deste filme eu gosto bastante. Tem um clima de pesadelo bem próximo do livro, apesar de tomar várias liberdades na trama. Na verdade, eu vi uma versão ainda melhor, na TV Senado, acreditem ou não. Era uma montagem meio teatral, com atores de verdade, mas todo o cenário feito em computação. O cenário se movimentava, girava, rodava, enquanto os atores ficavam parados. Os atores eram multiplicados na tela, cada um dizendo uma parte do texto. Era uma coisa como eu nunca vi igual, super diferente e bem oportuna para a trama. Mas eu perdi o começo, nunca mais vi, nem sei de quem é, nem se tem para alugar. Se alguém souber...

Ah, o Jaspion, aquele japa-gaúcho falseta que foi meu namorado, foi para o Paraguai e para quem eu dediquei "A Morte", criou uma comunidade "Eu Amo Fazer Listas" no Orkut. Ele é o rei de fazer de fazer essas listas. Quero dizer, o príncipe herdeiro... de Nick Hornby.


TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...