09/10/2004

MELANCÓLICO QUERIDINHO

A Editora 7 Letras teve a ótima iniciativa de criar no ano passado a coleção Rocinante. Eu ainda não entendi muito bem qual é a proposta da coleção, já que engloba desde Goethe até Clarah Averbuck, mas a maioria dos títulos é de autores estreantes, e isso é o que importa. Recebi vários (livros da coleção) aqui em casa. A maioria dos volumes é de contos curtos de "realismo orgânico", característico da atual geração. Talvez o aspecto negativo é que muitos desses livros, mesmos os mais consistentes, acabam desaparecendo em meio à enxurrada de novos contistas que seguem esse formato (e a capa, e o projeto gráfico...). Por isso gostei muito de "Domingo", um romance do Francisco Slade, que tem história pra contar e não tem pressa para isso.

Entre os de contos que recebi, um dos mais interessantes é o "Contogramas" do Flávio Viegas Amoreira. Como eu sou meio burrinho, lesadinho e criado a Condessa de Segur não entendi quase nada -haha. Mas pesquei algumas idéias interessantes. Principalmente porque ele tem um conto sobre "Rufus Wainwright" (o "Melancólico Queridinho" do post de hoje).

Para quem não conhece, Rufus é um cantor-compositor-pianista que mistura pop, folk e jazz. Homossexual assumido, ele tem letras bem interessantes – às vezes um pouco pernósticas – fazendo referências a ópera, literatura e cultura pop. ALIÁS, mais ou menos como o livro do Flávio Amoreira.

Uma das minhas letras favoritas (do Rufus) é "Last Cup of Coffee", na qual ele lamenta esperar por seu amor num café onde só toca música grunge. "Os cafés não são mais o que costumavam ser, mas pelo menos eu estou lendo Proust", diz ele. Hahhaha. Eu não levo a sério. E adoro. (Denny, você conhece? Cafés, Proust, você iria adorar, eheh).

ALIÁS, tenho um amigo que já ficou com o Rufus e conta coisas terríveis dele....Mas nada que me surpreendesse.

Vocês podem saber mais sobre o Rufus no: http://www.rufuswainwright.com/, mas o site não é nada demais.

E por falar em queridinhos melancólicos e links, Ronaldo Estevam, amigo meu do Real Madrid (a banda), me passou o link deles no site da trama: http://www.tramavirtual.com.br/ (entre com o nome da banda e você encontra várias músicas para download).

Eles fazem um som ótimo, melancólico, sem pressa, uma coisa easy-listening retrô do novo milênio (hum?). Minha faixa preferida é "Sun Francisco", que parece trilha de abertura de programa de socialite – tipo Estilo Ramy – na madrugada. Isso se esses programas fossem kitsch por esperteza, e não por incompetência.

ALIÁS, a falta de pressa do Real Madrid talvez esteja mais próxima da falta de pressa do Tsai Ming-Liang do que do Francisco Slade (e do que a minha). Essa coisa de ficar horas e horas no mesmo plano (ou no mesmo riff). É um talento precioso na neurose destes tempos.

Mas como não se apressar quando um queridinho melancólico nos espera? Tchau!

MESA

Neste sábado, 15h, na Martins Fontes da Consolação, tenho uma mesa com o querido Ricardo Lisias . Debateremos (e relançaremos) os livros la...